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segunda-feira, 20 de junho de 2011

CHUVA DE LAMPIÃO NO PAÍS DAS BALAS


E ainda “Chove Bala No País De Mossoró?”.




          Estamos em junho e junto ao sexto mês do ano vêm os festejos juninos, que em Mossoró, diga-se de passagem, ganha uma proporção bem maior pelo evento que é anualmente esperado por muitos, o Mossoró Cidade Junina. Nessa grande festa destaca-se a peça teatral ao ar livre “Chuva de Bala No País de Mossoró”, que nessa edição faz dez anos de exibição.

Com direção geral de João Marcelino, música de Danilo Guanais, figurino de Marcos Leonardo, coreografia de Hikaroo Mendonça e inspirado na obra do escritor mossoroense Tarcísio Gurgel, o espetáculo conta a história da resistência do povo de Mossoró ao bando de Lampião, que ocorreu no dia 13 de junho de 1927, sendo que no acontecido houve um desfalque no bando, pela morte do cangaceiro Colchete e a prisão de José Leite de Santana, mais conhecido como “Jararaca”, capturado após ser gravemente ferido e depois morto no cemitério da cidade por um grupo de soldados.
       Com a resistência que encontrou na cidade, e o desfalque pela morte de dois cangaceiros, Lampião teve que fugir do município com destino ao estado do Ceará. Esse ato de heroísmo deu a Mossoró o título de única cidade do Nordeste a resistir e expulsar Lampião e seu bando.


 Não que eu seja um “expert” em cultura, (nem me passa pela cabeça ser), mas como telespectador e frequentador de teatro, posso opinar em relação aos espetáculos que tenho visto na cidade. Onde não poderia deixar de citar, lógico, o “Chuva de bala no país de Mossoró”, espetáculo que nessa edição de 2011, veio com algumas modificações de texto, elenco e figurino. 

Tonha, Totonha e Toinha
Vou citar como referência e que possam comparar, para que não achem que estou sendo injusto, o espetáculo do ano passado, 2010, que em minha opinião foi um dos melhores nos últimos anos e que a produção estava impecável.


Tonho, Totonho e Toinho
            
 Com uma roupagem nova, o que se destaca de inicio nessa edição, é a substituição dos personagens que narram a história, que antes eram mulheres, (Tonha, Totonha e Toinha), por caipiras (Tonho, Totonho e Toinho), não sei bem qual o motivo da modificação, mas convenhamos, essa foi bem feita, os atores que foram designados para os papéis atuam muito bem. Com muita música, bom humor e carisma levam a trama com muito êxito. O que deixou a desejar no restante do espetáculo. Os personagens caipiras trabalham brilhantemente seus papéis, de tal forma que apagou ,digamos assim, o resto da encenação deixando e muito a desejar, se levarmos em conta os dos anos que se antecederam.


·         Figurino;

A produção desse ano conta com o figurino assinado por Marcos Leonardo, como já havia falado acima e segundo fontes, ele fez uma pesquisa no vestuário da década de 1920, para melhor compor o figurino desse ano.

Desculpe-me ele se estou sendo injusto, ou talvez esteja analisando pelo lado lógico da coisa. Certo que na década de 1920 as vestimentas eram impecáveis, seus vestidos longos, cheios de bordados e saias e fitas nos cabelos, já os homens "elegantérrimos" com seus ternos bem engomados, chapéus e gravatas, mas Mossoró creio eu não era lá uma cidade fria e rica pra posar de novela épica da Globo, pela pesquisa que foi feita por Marcos Leonardo, ele talvez não tenha levado em consideração que a história se passa no interior do nordeste e que não era sempre que as pessoas se vestiam daquela forma, ate porque as condições climáticas não eram favoráveis.

E nessa edição ele ousou mesmo, foi bem mais além. Lampião veio esse ano com um figurino em tom de rosa, goiaba, não sei bem que cor é aquela, mas que ficou a ser comentado pelo público, isso ficou! E se era essa a pretensão dele, foi bem sucedido, pois foi o que mais ouvi após o espetáculo, foi que “Lampião estava vestido de rosa”. Sei não viu!
 
·         O ato “As Viúvas”;

As Viúvas ano 2011
Ainda não entendo o porquê dele no espetáculo, certo que “um pouco de mentirinha” como dizem os narradores no inicio da peça, é bom, mas poderiam, já que estão substituindo algumas coisas nesse ano e quem sabe nos próximos, substituir as viúvas por um conteúdo dos escritos de Tarcisio Gurgel, que levasse o publico mais a realidade do acontecido.

As Viúvas ano 2010
O ato “As Viúvas” foi outra coisa que pra mim, esse ano não convenceu. Gente vocês mudam umas coisas, que se analisar não precisam ser mudadas, ano passado estava esplendido, era quase uma cena do “Cirque du soleil” é sério, estava muito bom mesmo, agora pergunto: o que aconteceu esse ano? Se realmente queriam chocar com o espetáculo, conseguiram. Estou chocado.
Se mandassem que descrevesse em uma palavra o ato, descreveria como “Pobre”, é isso mesmo se levarmos em consideração o do ano passado com suas riquezas de detalhes, e que foi digno de aplausos em pé.
 
·          “O Baile”;

Reza à lenda (brincadeira gente), isso foi verdade segundo registros. Houve um grande baile na cidade, muita música, dança e comemoração, que também é colocado na peça. Mulheres e homens distintos e nobres da cidade foram convidados a participar.

Baile ano 2010
O baile esse ano foi regado por muito forró, xaxado e baião diferente do ano passado, foi uma escolha bem feita, à substituição de alguns trechos de trilha sonora do espetáculo. Embora ainda ache que tem alguns vestígios de músicas usadas também no “Oratório de Santa Luzia”, outro espetáculo da cidade que é realizado no mês de Dezembro em homenagem a padroeira de Mossoró. Confesso que gostei das modificações, deu um ar de regionalização, se é que posso falar assim. Ano passado o baile estava mais parecendo um musical mal feito e inspirado em “Mama Mia”.

·         “O Bando de Lampião”;

O bando também foi salvo esse ano; Mas como nem tudo é perfeito tinha que coreografar ele também.


          O que foi aquilo? Certo que é musical a coisa, mas cangaceiros coreografados era o que faltava. Ano passado também foi, nada contra, mas é que esse ano a coreografia ficou “engraçada”, pegaram muito aquela técnica HATHA YOGA, que imitam os movimentos dos animais e os cangaceiros ficaram parecendo uns marrecos, misturados com gorilas. No mínimo bizarro. Mais muito boa à atuação.

·         “A Morte de Jararaca”;

Um dos momentos mais enfatizados no espetáculo é a morte do cangaceiro Jararaca.

 A intenção sempre é boa convenhamos, mas nem sempre é valida no resultado final se considerarmos o público como um todo. A morte de Jararaca foi sim um acontecimento e já que queriam enfatizar isso no espetáculo deviam ousar mais, produzir melhor. Não, que não tenha ficado bom; Ficou! Mas poderia ter sido bem mais interessante de se ver e isso não é opinião só minha.


É Muito Mais Do Que Você Imagina!


 Tudo bem! Não poderia deixar esquecido o simples fato de que, creio eu, esse espetáculo todo, tenha como intuito o enaltecimento dos “barões” da época, e é o que vem acontecendo até hoje, mas como sou de debater quando o assunto se trata da veracidade das coisas, pergunto: E onde ficaram a parte pobre, os realmente heróis, os que entraram em frente de batalha pra defender a “Terra Santa nessa história toda”?

Melhor ainda é saber que os que se dizem heróis e ficaram no marco da História de Mossoró não vendem os produtos das ‘barraquinhas’ e lojas de artesanato que encontram-se espalhadas pela cidade, a procura realmente é da figura enigmática do cangaceiro mais temido do sertão, isso mesmo, Lampião. Ele sim ficou sendo um herói pra cidade visto que boa parte da renda do artesanato e outros provêm de sua imagem, da venda de produtos com estampas e/ou charges do cangaceiro, ou estou mentindo?

 
Seria legal, isso pode ser tomado como sugestão, próximo ano o espetáculo se chamar “CHUVA DE LAMPIÃO NO PAÍS DAS BALAS”, porque Mossoró não só é conhecido como a cidade que tem um dos melhores espetáculos o ar livre do país mas também pela violência que se alastra.



“Pra ser sincero não espero de você mais que educação” esse trecho de música retrata bem o que a sociedade mossoroense espera em relação aos espectadores, turistas ou não, do espetáculo “Chuva de Bala No País de Mossoró”, que eles assistam e sejam no mínimo “educadinho” em suas criticas. Eu não baixo minha cabeça, doa a quem doer. E pra ser realmente sincero o que ainda salva esse espetáculo é o fato de ser um musical e as pessoas ainda não se cansaram de todo ano quando estão com uma noite sem ter o que fazer verem ao centro da cidade se distrair um pouco, como dizem: “Ver gente”, porque acho que é justamente isso mesmo que acontece, pois se perceberem, quem já foi assistir ao espetáculo, quê o que mais se ouve é o barulho; Puta, merda (Desculpe os palavrões), é que se perguntar a maioria que ali estão assistindo não saberiam nem dá uma critica decente ao espetáculo.


Vocês realmente ainda querem que eu fale mais 
alguma coisa em relação a isso?

Minha gente!




3 comentários:

  1. Eu assisto ao chuva de balas todos os anos. Também tenho minhas críticas ao espetáculo, e por entender um pouquinho (só um pouquinho) de teatro e de política posso dizer que a montagem é eficaz, cumpre com suas metas: é belo, envolvente e até emocionante - sim, é! O "Chuva de balas no país de Mossoró" ludibria bem os nossos olhos. Conta uma história cheia de mentiras, e sim, está longe de representar o povo - como no poema Perguntas de um trabalhador que lê de Brecht - Será que foram os ricos e poderosos e 'colocaram a mão na massa?' Não! Não só eu tenho certeza disso, mas o povo também, por isso o heroísmo mossoroense não convence. Não há teatro que seja capaz disso. Apesar de tenta enaltecer um tal de Rodolfo Fernandes e a 'Mossoró Terra da Liberdade'(?), a grande expectativa do público é pelo Rei do Cangaço, Lampião e seu bando, os verdadeiros protagonistas da dramaturgia. Mossoró não foi a cidade que expulsou Lampião. E sim a cidade que o acolheu - é só ir a qualquer loja de artesanato daqui. Mas com relação à plásticidade do espetáculo, Marco, tenho que discordar de você em muitas coisas. "Chuva de bala" não tem e nunca terá a intenção de trazer fatos realmente históricos, verídicos... Aos Rosados não interessa! Não só por uma questão de semiótica ou estética, mas ideológica. Os Tonhos arrasaram. Algumas atuações de personagens principais deixaram a desejar. Mas o figurino tá liiindo, um dos, senão, o melhor de todos os anos! (é teatro! é musical! e é ideológicamente feito pra ludibriar o povo - tem que ser esse figurino de novela épica da globo, sim!) A cena das viúvas, na minha opinião, está do jeito que sempre deveria ter sido. Aquela coisa meio bruxa não combinava nem um pouco com a trama e com o momento, nada tinha a ver com a gente aquela energia tão pesada e negativa que caia sobre a platéia como uma chuva de maus pensamentos. A cena das viúvas me lembra, agora sim, as nossas choradeiras, típicas personagens nodertinêscas. A morte de Jararaca teve uma recaída este ano. Mas será que é preciso mesmo dar tanta ênfase a este homem - que mais parecia um menino com cara de pavor? As coreografias estão acertadas: essa coisa meio bicho, meio planta, meio gente tem tudo a ver com o bando de lampião, por exemplo - É teatro, é arte - nada de cotidiano, é preciso sair do comum, senão é apenas reprodução desinteressante, entende? A música é que não convenceu, em minha opinião, em alguns momentos me sentia no Xuxa park, eu juro! Na hora da batalha eu procurei a Xuxa, mas ela não estava lá (que decepção!). Quanto ao rosa goiaba do lampião - pura estética ou tem um quê de mensagem subliminar em apoio à Rosa? Vai saber... A proposta da direção do 'Chuva' 2011 foi de caminhar de mãos dadas ao movimento armorial - que contempla o diálogo do erudito com o popular, e na questão estética teatral foi bastante coerente, exceto alguns excessos e omissões, é claro. Todo ano o Chuva ganha uma nova roupagem, e são muitas leituras e releituras que nos apresentam e que somos capazes de fazer, dependendo do referencial que temos. Não estou defendendo direção, produção, realização e etc, etc e tal. Mas preciso ser sincera em admitir que todas as pessoas de fora que vêm assistir ao 'Chuva' saem encantadas, alguns até choram, falam do que viram o resto da noite toda. Eu que assisto todos os anos saio como com colírio nos olhos, porque teatralmente é eficaz. Não concordo com muitas coisas, sei que é tudo exagero e mentira, tenho consciência que é para ludibriar o povo. Não me ludibria, mas que é bonito de ser visto, sempre é.

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  2. Adorei o seu texto, também concordo com muita coisa que você falou, minha intenção é justamente essa, mostrar uma opinião adversa da maioria que assiste e saem ludibriados, e que parem pra pensar justamente na história em sí e esqueçam um pouco essa fantasia. Adorei mesmo sua opinão e espero outras de muitas outras pessos...rsrsrs

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  3. Não entendo nada de teatro, nem vi o “chuva” esse ano, mas o povo não quer ver a verdade dele. Quer se enganar e se entreter. Esquecer os problemas e acreditar nas mentiras que se conta há décadas. “A História é contada pelos vencedores.”

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